Ao lado de ex-Dire Straits, Bob Dylan revisita clássicos e reinventa seu show em Londres

22/11/2011 07:08

 

Bob Dylan no festival London Feis, em Londres: sempre acompanhado de seu chapéu (19/06/2011)

Em mais de três horas de show, uma estranha conexão foi reafirmada entre o aclamado astro cult Bob Dylan e o ex-mainstream do Dire Straits, Mark Knopfler. O dueto nasceu no final dos anos de 1970, quando o cantor de Minnesota (EUA) pediu a Knopfler para tocar guitarra em seu álbum "Slow Train Coming" (1979). A parceria durou e chegou a atual turnê, que em Londres teve três datas esgotadas, com lotação de 5.000 pessoas, no HMV Hammersmith Apollo, nas noites de sábado (19), domingo (20) e segunda-feira (21).

 

O show começou alguns minutos antes do previsto com um Mark Knopfler careca e já sem pose de roqueiro. No palco, ele e Dylan deixam claro suas diferenças: cada um toca sua parte no show com músicas próprias. Apenas Knopfler faz uma participação especial nas quatro primeiras obras de Dylan. Nada além disso.

 

Sozinho no palco, Knopfler abusa de solos longos, blueseiros arrastados, que esfriam o público. Foram dez músicas longas, grande maioria do Dire Straits, entre os clássicos "Brothers in Arms" e "So Far Away From Me". Knopfler também trouxe trabalhos de seu último disco solo, mas que não animaram muito o público.

 

Os fãs de Dylan pareciam curtir as músicas do Dire Straits, mas a energia tomou conta mesmo quando o astro da noite apareceu, uma hora e meia depois. "Vocês estão prontos para ver Jesus?", uma voz anunciou na casa de shows. E assim entrou Dylan, posicionando-se no órgão do lado direito do palco para tocar "Leopard-Skin Pill-Box Hat". Fotos não são permitidas. Nem mesmo à imprensa. "Ele não deixa. É muito vaidoso", disse um funcionário da casa.

A audiência inglesa, jamais conhecida como a mais animada do mundo, balançou um pouco a casa. Acompanhado de seu chapéu de palha, no melhor estilo caubói, Dylan tocou "It's All Over Now Baby Blue", hit de 1965, alternando entre órgão e guitarra. Ao final de toda música, quando se apagavam as luzes, Dylan tirava o chapéu e coçava a cabeça, sem esboçar qualquer reação com a plateia. A única interação com o público aconteceu quando ele apresentou a banda. E sem grandes simpatias.

 

Dylan seguiu com grandes sucessos como "Highway 61 Revisited" e "Summer Days", todos em versões diferentes daquelas conhecidas nos discos. "Eu já vi Dylan pelo menos dez vezes. Sua voz claramente já esteve melhor, mas ele não deixa a desejar, toca todos os clássicos, sorrindo e se divertindo", disse o vendedor Daniel Hory, de 45 anos. De fato, Dylan não soa mais como aquela simpática gralha dos anos 60. Sua voz, hoje, aos 70 anos, é rouca e grave.

 

Os rostos mais comuns na plateia já tinham algumas rugas de expressão. Era um público maduro e capaz de reverenciar um mito como Dylan --mesmo que não haja nenhuma reciprocidade por parte dele. O rosto fechado de Dylan do começo da apresentação, aos poucos, deu lugar ao um simpático sorriso. E presenteou o público com dois de seus maiores sucessos: "All Along the Watchtower" e "Like A Rolling Stone". Ambas foram cantadas em coro pelo público, mas com Dylan, com seu jeito blasé simpático, tocando da sua maneira, com versos mais rápidos, quase recitados. Ele não vive do passado e, até quando revisita os clássicos, o faz com o seu jeitinho peculiar. Dylan se reinventa a cada show.

 

Veja as músicas que Bob Dylan tocou em Londres:

 

"Leopard-Skin Pill-Box Hat"

"It's All Over Now, Baby Blue"

"Things Have Changed"

"Tryin' To Get To Heaven"

"Honest With Me"

"Tangled in Blue"

"Summer Days"

"Blind Willie McTell"

"Highway 61 Revisited"

"Desolation Row"

"Thunder on the Mountain"

"Ballad Of a Thin Man"

"All Along The Watchtower"

"Like a Rolling Stone"

 

FONTE: UOL MÚSICA (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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