Após derrota, tucanos enxergam no Senado destino eleitoral de Serra

29/10/2012 08:08

 

Após sua segunda derrota consecutiva nas urnas, o ex-governador José Serra começa a definir nesta segunda-feira seu destino político. Aos 70 anos, o tucano perdeu o lugar na fila para tentar realizar o sonho de ser presidente da República em 2014. Também vê preenchida a vaga para o governo do Estado no mesmo ano. Na avaliação dos colegas de partido, sua opção mais provável, ao menos se depender do cenário atual, é a disputa para o Senado.

No discurso pronunciado após a confirmação da derrota, Serra ressaltou que saiu desta campanha com "energia, ideias e disposição maiores do que quando entrei" . Finalizou também com a frase "vamos em frente". Entendendo a afirmação como um sinal de que Serra pretende seguir na vida pública, aliados insistem que qualquer decisão do tucano será tomada com cautela e sem pressa.

Com o senador mineiro Aécio Neves posicionado para a corrida presidencial e o governador Geraldo Alckmin tido como candidato natural à reeleição, Serra teria ainda como opção, além de disputar o Senado, ocupar um posto de comando no PSDB. Em 2010, depois da derrota na corrida presidencial, o nome de Serra chegou a ser cogitado para a Presidência do partido ou de outro órgão ligado à sigla, como o Instituto Teotônio Vilela. Mas líderes tucanos evitam fazer qualquer projeção nesse sentido. 

A derrota de Serra nas urnas deu um desfecho melancólico para a campanha do PSDB em São Paulo. Desde 2009, quando Fernando Haddad foi cogitado pela primeira vez pelo PT para disputar uma eleição, líderes tucanos já diziam em reservado que o ex-ministro da Educação "assustava", por ser um nome novo e, portanto, um adversário desconhcido. De lá para cá, entretanto, a dificuldade do petista de decolar e a falta de apoio ao rival dentro de seu próprio partido ajudaram a alimentar no PSDB a ideia de que Serra sairia vitorioso da eleição.

Serra levou a melhor no primeiro turno, mas desde então deixou evidente a preocupação com o avanço do petista e subiu o tom dos discursos. O julgamento do mensalão entrou com mais força nas propagandas eleitorais e no discurso do candidato e o kit anti-homofobia, idealizado na gestão de Haddad à frente do Ministério da Educação, se tornou um dos temas mais abordados neste segundo turno.

Na reta final da disputa, o humor de Serra mudou. Nos compromissos da campanha, o tucano passou a colecionar respostas irritadas a jornalistas. Questionado por uma repórter em coletiva se o tom mais agressivo em sua propaganda eleitoral tinha relação com sua desvantagem nas pesquisas, o candidato sugeriu que ela trabalhasse como assessora de Haddad. Em entrevista à CBN, quando questionado pelo jornalista Kennedy Alencar sobre o kit anti-homofobia desenvolvido pelo governo do Estado durante sua gestão, Serra sugeriu que o repórter não havia lido a cartilha em questão e emendou: "Eu sei que você tem suas preferências políticas, modere-se Kennedy".

Antes da derrocada na campanha, no entanto, Serra até recebia elogios de outros tucanos pela forma como vinha se comportando nos bastidores. Os mais próximos do ex-governador diziam que ele estava "irreconhecível". Em vez de controlador como de costume, estava muito mais "carinhoso" durante a campanha. 

Apesar do clima de desânimo que tomou conta da campanha na reta final, aliados de Serra empenharam-se em manter o discurso otimista até o último momento. Nos últimos dias da campanha, a agenda do tucano também ficou ainda mais intensa. Na véspera do segundo turno, Serra fez corpo a corpo com eleitores em Brasilândia e na Freguesia do Ó, após ter caminhado pelo Expo Center Norte, na Feira do Empreendedor, na zona norte da capital. 

Independemente do plano político de Serra, a avaliação no PSDB é a de que a renovação dos quadros partidários, a partir de agora, se torna imprescindível.  

Ao votar na manhã de domingo, Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido, destacou que os integrantes mais antigos devem agora "empurrar os mais jovens para frente". Nas palavras de um outro tucano ligado ao ex-governador, a derrota nas urnas neste domingo foi "a derrota de uma geração".

FONTE: IG/ÚLTIMO SEGUNDO/POLÍTICA/ELEIÇÕES 2012 (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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