Após onda de silêncio, parlamentares prorrogam CPI do Cachoeira para desvendar braço financeiro da quadrilha

22/10/2012 07:08

 

Prejudicados pelo cronograma eleitoral e engessados pelo direito dos depoentes de ficar calados, os parlamentares da CPI do Cachoeira decidiram na última semana prorrogar a investigação e tentar avançar em temas como o braço financeiro da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, a empresa Delta. A comissão, que terminaria em novembro deste ano, deve ir, pelo menos, até o início de 2013.

Deputados e senadores esperam conseguir mais informações sobre a quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal, principalmente por meio de documentos que foram entregues à CPI em quebras de sigilo e enviados pela Polícia Federal.

Foram quebrados os sigilos de todos os envolvidos no esquema e de várias empresas apontadas como fantasmas pela PF. O próprio bicheiro e sua família (mulher, ex-mulher, cunhado) tiveram as informações bancárias, fiscais e telefônicas liberadas para a comissão.

As convocações de novos personagens e depoimentos de pessoas ligadas ao bicheiro, no entanto, devem ficar suspensas por enquanto. Em seis meses de investigação, os parlamentares convocaram quase uma centena de pessoas, levaram 42 pessoas até a CPI para prestar depoimento, mas escutaram apenas 20. Os demais compareceram, mas usaram o direito constitucional de permanecer em silêncio.

A onda de silêncio começou em maio, com o depoimento do próprio bicheiro. Depois dele, os integrantes da quadrilha se calaram, um a um, diante do direito constitucional de não responder e se auto-incriminar e amparados, muitas vezes, por habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal).

Com o silêncio imposto, a CPI acabou se tornando uma briga política entre PT e PSDB quando os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e de Goiás, Marconi Perillo, foram convocados para explicar supostas relações com o bicheiro e a interferência da quadrilha nos respectivos governos.

A disputa entre governo e oposição também foi acirrada em várias sessões, quando os oposicionistas tentaram convocar o ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antônio Pagot.

Depois de várias tentativas, os depoimentos foram marcados, mas não tão reveladores como os parlamentares esperavam. Cavendish se calou e Pagot não fez as denúncias esperadas.

Outros nomes que também estão na fila de requerimentos foram muito discutidos, mas não chegaram a ter a convocação aprovada, como é o caso do jornalista da Revista Veja, Policarpo Jr.

Gravações da PF mostram a ligação do jornalista com o bicheiro. Ele é gravado várias vezes conversando com integrantes da quadrilha e há suspeitas de que teria trabalhado para Cachoeira por um tempo. 

Além de Policarpo Jr., os parlamentares também tentaram convocar para depor na CPI o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), mas o partido conseguiu blindar o colega. Ele foi fotografado com o ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish, em viagem a Paris, o que deu a entender que tem ligações pessoais com o empresário. Além disso, a empresa tem vários contratos com o governo no Estado do Rio.

Durante uma sessão de discussão da convocação de Cabral, o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado por um cinegrafista mandando uma mensagem de celular ao governador do Rio, garantindo que ele não seria chamado. "A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é ´nosso´ e nós somos ´teu’”, dizia a mensagem.

Para continuar as investigações da CPI, os deputados e senadores devem votar vários requerimentos que aguardam análise. Ao todo, mais de 500 requerimentos estão na fila para serem votados, a maioria quebra de sigilos de empresas e pessoas físicas.

FONTE: R7/NOTÍCIAS/BRASIL (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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