Cariocas perdem o medo e compram menos veículos blindados

24/02/2012 06:21

 

Os cariocas estão se sentindo mais seguros. Ao menos, é o que indicam os números da indústria de blindagem de veículos. Na contramão da trajetória de crescimento verificada no restante do País – e, em especial, em São Paulo – a demanda por veículos com blindagem contra armas de fogo na capital fluminense vem registando uma tendência de estagnação e, até mesmo, de retração. O movimento é atribuído pelo setor à maior sensação de segurança gerada pela redução dos indicadores de violência.

A queda na procura por blindados no Rio foi sentida, principalmente, por empresários do setor que atuam em várias cidades. É o caso de Rogério Garrubbo, diretor da Concept Blindagens, que atende clientes em São Paulo e no Rio de Janeiro. De acordo com Garrubbo, o mercado carioca oscilou bastante ao longo de 2011, tendo encerrado o ano com crescimento praticamente nulo. “Registramos, no ano passado, um aumento de 6% na demanda por blindados em São Paulo. Já o Rio, que vinha crescendo a taxas elevadas, mal conseguiu repetir o desempenho de 2010”, diz.

Presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), Christian Conde confirma a tendência. “O Rio de Janeiro vinha apresentando um crescimento vigoroso, que puxava a indústria. Mas, em 2011, esse quadro mudou. Não há dúvidas de que a população carioca está se sentindo mais segura, pois esta é a primeira vez que a procura por veículos blindados cai no Rio de Janeiro”, avalia Conde.

Ele explica que o Rio é tradicionalmente focado na questão da segurança, ao passo que São Paulo acompanha a tendência de crescimento econômico por ser um mercado mais maduro para a blindagem. “O assalto nos semáforos é uma realidade em São Paulo. Por isso, o paulistano que pode ter um carro blindado, faz esse investimento em segurança. Esse público já leva em consideração, ao trocar de carro, o preço do veículo e o valor da blindagem”, afirma.

Conde revela ainda que, diante desse cenário, a Abrablin já estuda rever as projeções para 2012. “Em 2011, a expansão do mercado nacional foi de 9% sobre 2010. Com a estagnação do Rio, se chegarmos a um crescimento de 5% este ano, já será muito”.

O desaquecimento do mercado carioca também levou empresários do setor a reverem os planos de investimentos na cidade. Sócio da Defense Blindagem, Alaor Paris conta que suspendeu a o projeto de montar uma terceira unidade no Rio de Janeiro para atender a capital e localidades próximas. “Diante do fraco desempenho de 2011, seremos menos agressivos nos investimentos no Rio”, diz Paris.

Medo difuso

Especialista em segurança pública e ex-capitão do Bope, Paulo Storani diz que a sensação de maior segurança na cidade do Rio é mais do que simplesmente uma percepção dos cariocas. “Os indicadores da área de segurança pública mostram que há uma queda no número de crimes violentos”, afirma.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, em abril, maio e junho de 2011, o total de roubos sofreu uma redução de 13,9% se comparado ao mesmo período de 2010. Nesse mesmo trimestre, caíram também os casos de roubo de aparelho celular (queda de 21,4%), roubo a residência (20,8%) e de furto de veículos (19,6%).

E, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto, a tendência se manteve até o trimestre de setembro, outubro e novembro . Neste período, foram registradas quedas no número de roubo de aparelho celular (31,1%), roubo em coletivo (28,1%) e roubo à residência (18,6%), bem como de roubo em geral (11,1%), na comparação com o mesmo período de 2010.

Em consequência da redução dos crimes, cai também a divulgação de notícias ruins, o que contribui para diminuir o que é conhecido como medo difuso, situação em que as pessoas têm medo, mas não sabem por que razão, explica Storani. “A associação desses fatores à percepção de que a polícia está mais atuante tem levado muitos cariocas a reconsiderarem a necessidade de tomar medidas preventivas contra o crime, como comprar carros blindados e investir em serviços de segurança”, diz.

FONTE: IG/ECONOMIA/EMPRESAS (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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