Cineasta brasileira prepara novo filme sobre conflito entre Israel e Palestina

23/03/2013 09:33

 

A expectativa de que visita do presidente Barack Obama a Israel nesta semana trouxesse algum avanço prático nas negociações de paz entre israelenses e palestinos era pouco animadora.

A esperança de uma solução para o litígio, entretanto, pode ser idealizada nas mãos dos movimentos não violentos, em trabalhos como o da cineasta brasileira Julia Bacha, radicada em Nova York e com conexões políticas em Washington e Jerusalém.

Focada em zonas de conflito, sua produtora independente Just Vision, que registra em seus documentários histórias de manifestações de resistência pacífica, iniciou nova fase de pesquisas para o próximo trabalho.

Bacha evita abrir detalhes, pois considera o terreno "delicado", mas está de olho nos passos do presidente americano na região.

"O novo filme tem um caráter mais histórico do que os anteriores e será o meu último e, espero, mais impactante filme sobre Israel e Palestina."

BARULHO

Há cerca de três anos, fez barulho com o longa "Budrus", registro de uma iniciativa que uniu palestinos do Hamas e do Fatah a ativistas israelenses para impedir a construção de um muro no vilarejo de Budrus, na Cisjordânia.

Com o novo "My Neighbourhood", lançado no festival de Tribeca em 2012, já obteve reconhecimento tanto em festivais como o da Al Jazeera quanto no San Francisco Jewish Film Fest, entre vários outros.

"Conseguimos entrar nas comunidades mais diversas", afirma Bacha, que dirige o curta.

No filme, o adolescente palestino Mohammed El Kurd, que tem sua casa em Jerusalém ocupada por israelenses, também descobre intenções aparentemente inconciliáveis.

Um desalentador "eu os odeio", diz o garoto antes de conhecer o apoio de ativistas israelenses em nuances que seriam bem aproveitadas se compreendidas pela diplomacia americana.

A sensibilidade política do presidente Obama ao tema, que já foi rasa em seu primeiro mandato, poderia ter sido melhor lapidada também no planejamento da visita, avalia a cineasta.

Em vez de viajar para Jerusalém, em sinal de aproximação com a porção israelense, "ele deveria ter ido para Tel Aviv e para Ramallah", abraçando ambos os lados, na opinião da diretora.

BRASILEIROS

Brasileiros, por enquanto, podem assistir "My Neighbourhood" no site do jornal "Guardian", em inglês. Clique aqui para ver o filme.

Há previsão de que o trabalho seja lançando no site da Just Vision em português e outros idiomas. O filme também está à venda no site, em inglês. Não há distribuição no Brasil em DVD.

"Comunidades árabes e judaicas no Brasil têm grande interesse em passar o filme em centros culturais, universidades, sinagogas e mesquitas, e nós estamos combinando eventos para o final do ano", informa Bacha.

A brasileira espera que seu país possa em breve figurar em uma face menos distante das negociações a caminho da conciliação.

"Os Estados Unidos têm papel fundamental porque atuam como financiadores. Mas eu, pessoalmente, tenho interesse em trazer a comunidade brasileira, que já é grande. E o país pode criar mais espaço se conseguir um dia alcançar o Conselho de Segurança da ONU."

Em Israel e na Palestina, além das universidades, centros religiosos e culturais, teatros e cinemas, a Just Vision atua nos campos de refugiados e aldeias na Cisjordânia, na academia de treinamento de policiais Palestino em Jericho, onde, segundo Bacha, são a única ONG autorizada a passar filmes aos cadetes, assim como no sistema de Mechinot, centros de preparação para jovens israelenses que estão prestes a entrar no exército.

FONTE: UOL/FOLHA DE SÃO PAULO/ILUSTRADA (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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