Com hinos do metal, Black Sabbath faz Campo de Marte virar de futebol

14/10/2013 08:27

 

Em um show de peso, de lágrimas e, principalmente, de muitos clássicos, o Black Sabbath fez sua primeira apresentação com Ozzy Osbourne em São Paulo -- depois de um show "muito louco" em Porto Alegre --, na noite desta sexta-feira (11), no Campo de Marte, na zona norte da cidade.

Em exatas duas horas, a banda inglesa que cedeu seu DNA ao heavy metal jogou com parte do que de melhor produziu em 43 anos de carreira, privilegiando clássicos de seus quatro primeiros discos.

Antes de show, o trânsito de sexta-feira atrapalhou a chegada ao local, fazendo com que o público ainda estivesse entrando quando o Megadeth subiu ao palco, às 19h40, para uma competente --ainda que um pouco fria-- apresentação de abertura.

Às 21h02 (quase meia hora antes do previsto), Ozzy, Tony Iommi, Geezer Butler e o baterista contratado Tommy Clufetos entraram no palco para seguir o rígido script da nova turnê "Reunion", que dificilmente sobre alterações.

Na pista premium, o som correto, nem alto demais, nem estourado em demasia, trouxe ainda mais a sensação de "jogo ganho" já na primeira música, o hino pacifista "War Pigs". Na pista normal, porém, nem todos os fãs puderam ouvir o show inteiro com clareza.

Do lado dos cerca de 70 mil da plateia (todos os ingressos foram vendidos), o clima era como o de uma final de campeonato. O que não se restringe àquele que se tornou o grito mais clichê dos shows internacionais: o "Olê, olê, olê.... (preencha com seu artista favorito)".

Em ação, Ozzy não é o senhor das trevas de outrora. Os 64 anos pesaram. Com a fisionomia de bruxa de cera, ele se movimenta menos, semitona um pouco mais do que o seu normal e parece não ter mais gás nem coluna para praticar o tradicional "pulo do sapo". Tudo isso, no fim, conta pouco, já que os velhos polichinelos para agitar a plateia e os pedidos de "go fucking crazy" (fiquem doidos, em tradução atenuada) ainda estão presentes.

Em "Snowblind", o vocalista pôde ainda relembrar de forma mais light os velhos tempos de drogas e loucuras, ao receber um morcego de borracha jogado no palco. No entanto, desta vez, em vez de mordê-lo, Ozzy jogou de volta para o público.

Em faixas como "Children of the Grave" e "War Pigs", marmanjos se abraçavam, alguns nem conseguir conter as lágrimas. Os riffs de Iommi, o homem que mais e melhor os fez no mundo, viravam cânticos instantâneos (como esquecer o que se ouviu em "Iron Man"?). Introduções funéreas ("Into the Void" e "Children of the Grave") eram recebidas aos berros, como os gols de um time da casa. E foram 16 bolas na rede na casa paulista.

A sequência de clássicos, o grande trunfo da missa negra promovida pelo Sabbath, emocionou, em especial na trinca "Black Sabbath", "Behind the Wall of Sleep" e "N. I. B.". No fim da primeira, um raro momento de descontração do centrado Iommi, que ornou um chifrinho com a mão esquerda antes do fim apocalíptico da música.

Antes da penúltima noite, "Children of the Grave", Ozzy brinca, como se o roteiro já não tivesse fechado: "Se vocês enlouquecerem agora, prometemos voltar e tocar mais". Barulho ensurdecedor.

E eles voltam, com a introdução de "Sabbath Bloody Sabbath", mas só como aperitivo da música que provavelmente mais levou moleques espinhentos a garagens para tentar formar uma banda, "Paranoid".

Ao fim da apresentação, a promessa tímida de uma possível volta ao país, o que ainda é incerto, já que esta, segundo os próprios integrantes, pode ser a turnê derradeira do Black Sabbath. Seja como for, vale a máxima de uma resenha publicada por uma revista brasileira sobre o show da primeira reunião do grupo, em 1997: "Se ir a um show do Black Sabbath significa garantir seu passaporte para o purgatório, meu amigo, pode me colocar na primeira fila".

Veja abaixo o setlist do show:

War Pigs
Into the Void
Under the Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N. I. B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave
Paranoid

FONTE: UOL MÚSICA (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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