Em Santiago, Roger Waters recria "The Wall" pela 1ª vez a céu aberto e impressiona com efeitos audiovisuais
04/03/2012 08:58O céu é o limite para Roger Waters. Pela primeira vez, na noite desta sexta-feira (2), a nova versão do grandioso espetáculo "The Wall - Live" foi recriada ao ar livre. Sob um céu estrelado e uma lua brilhante no Estadio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago do Chile, dezenas de blocos de papelão branco formaram a imensa muralha idealizada pelo baixista e arquiteto sonoro do Pink Floyd no início da década de 1980. Hoje, no entanto, há muito mais para ver e ouvir na parede que Waters levanta e que chega ao Brasil no próximo dia 25 em uma excursão por três capitais.
Há três décadas, o espetáculo era uma síntese da vida do músico em seus 30 e poucos anos. Entravam em cena o sofrimento pela perda do pai na 2ª Guerra Mundial, a decepção com a infidelidade da mulher e o casamento fracassado, a raiva pelo sistema rígido das escolas inglesas, a superproteção da mãe.
Agora, em seus quase 70 anos, Waters fez daquela concepção autobiográfica um show essencialmente político --a começar pelas canções de cunho social que antecederam o início do show nas caixas de som do estádio ("Imagine", de John Lennon; "Strange Fruit", com Billie Holliday; "People Get Ready", de Curtis Mayfield). Sem alterar música ou letra, os significados pessoais amplificaram-se em mensagens globais sobre conflitos contemporâneos, terrorismo, pobreza, capitalismo, opressão, autoritarismo e as guerras.
Não à toa, Waters dedicou seu primeiro show em Santiago à memória do cantor chileno Víctor Jara, assassinado pela ditadura militar de Augusto Pinochet em 1973, e ao padre anglo-chileno Michael Woodward. Ele ainda se manifestou a favor dos protestos sociais que têm ocorrido na região de Aysén, no sul do Chile, para exigir o fim do isolamento e da falta de políticas públicas para o desenvolvimento da região, e reiterou seu apoio às manifestações estudantis pela educação pública.
O repertório do show é o mesmo impresso no encarte do disco "The Wall" (1979), dividido em dois atos com um intervalo de 20 minutos. De "In the Flesh?", quando o muro ainda está semi-construído, até "Goodbye Cruel World", quando a banda se esconde atrás da muralha, e do recomeço com "Hey You" ao encerramento folk de "Outside The Wall", quando o muro finalmente cai (e chega a ser assustador, acredite!), uma enxurrada de detalhes e informações permeam o cenário. Há militares fascistas atirando um boneco no chão, aviões bombardeando foices, martelos, cifrões e símbolos de marcas poderosas, mulheres nuas e sedutoras, críticas ao poder, gigantescos bonecos infláveis e as animações assustadoras de Gerald Scarfe, enquanto operários sobem e descem tijolos como um corpo de balé.
O clássico "Another Brick In The Wall - Part 2", escrita como um protesto contra o ensino rígido dos internatos, levou 16 crianças chilenas ao palco para dar voz ao coro ameaçador de "hey, teacher, leave them kids alone", enquanto apontavam o dedo para o enorme fantoche inflável que representa o temido professor. Soldados e cívis americanos, britânicos, iranianos, libaneses mortos em guerras foram lembrados em fotos --enviadas por familiares-- nos blocos da muralha. Jean Charles de Menezes, o jovem brasileiro assassinado pela polícia no metrô de Londres em 2005, ganhou uma homenagem especial com Waters cantando "Another Brick In The Wall - Part 2" apenas no violão.
Impacto de cinema Imax
Enquanto seus ex-companheiros do Pink Floyd não recebem qualquer menção no show, o protagonista do espetáculo é acompanhado por uma outra banda de 11 músicos, ainda que a experiência visual seja mais interessante e novidade do que a musical. Quando não está no microfone, Waters deixa os vocais para o cantor Robbie Wyckoff, responsável por repassar o canto originalmente gravado por David Gilmour --por sinal, o integrante postiço mais aplaudido pelas cerca de 40 mil pessoas que estavam neste show.
O guitarrista Snowy White, que fez parte do elenco de apoio na turnê original, também está lá. De cima do muro, Dave Kilminster tem a árdua responsabilidade de representar Gilmour nas guitarras de "Comfortably Numb", mas faz de forma brilhante. O filho de Waters, Harry, assume os pianos discretamente. O tecladista Jon Carin, o baterista Graham Broad, o guitarrista G.E. Smith e os backing vocals Jon Joyce, Mark, Pat e Kipp Lenon completam o time.
A extravagante ópera rock de 90 minutos --que passa por Porto Alegre (Estádio Beira-Rio) no dia 25, pelo Rio de Janeiro (Estádio Olímpico João Havelange) no dia 29 e por São Paulo (Estádio do Morumbi) nos dias 1º e 3 de abril-- é uma experiência sensorial. Os efeitos sonoros são realistas demais para você não olhar para o alto à procura do helicóptero que ressoa por todos os lados nos altos falantes. O gigantesco muro erguido recebe projeções de ultra definição do início ao fim.
O impacto do audiovisual de "The Wall - Live", que posiciona a maior parte do público sentado nas cadeiras da pista premium ou nas arquibancadas, é o mesmo de estar em uma sala de cinema Imax, mas a céu aberto. Roger Waters parece bem à vontade como performer e, graças aos avanços da tecnologia, finalmente pôde deixar sua megalomania se exercitar. (*A repórter viajou a convite da Time For Fun)
ROGER WATERS EM PORTO ALEGRE
Quando: 25 de março de 2012
Onde: Estádio Beira Rio
Quanto: R$ 180 (cadeira descoberta), R$ 240 (pista), R$ 240 (anel inferior), R$ 280 (cadeira coberta), R$ 500 (pista prime)
Ingressos: www.ticketsforfun.com.br, 4003-5588, nos pontos de venda autorizados e na loja Multisom.
ROGER WATERS NO RIO DE JANEIRO
Quando: 29 de março de 2012
Onde: Engenhão
Quanto: R$ 180 (superior oeste), R$ 180 (superior leste), R$ 250 (pista), R$ 300 (inferior oeste), R$ 300 (inferior leste), R$ 600 (pista prime)
Ingressos: www.ticketsforfun.com.br, 4003-5588, nos pontos de venda autorizados e na bilheteria oficial, no Citibank Hall/RJ.
ROGER WATERS EM SÃO PAULO EM 1 e 3 DE ABRIL
Onde: Estádio do Morumbi
Quanto: de R$ 180 (PNEs) a R$ 900 (setor prime)
Ingressos: www.ticketsforfun.com.br, 4003-5588, nos pontos de venda autorizados e na bilheteria oficial, no Citibank Hall/SP.
ROGER WATERS EM SÃO PAULO EM 1º DE ABRIL
Onde: Estádio do Morumbi
Quanto: de R$ 180 (PNEs) a R$ 600 (setor prime)
Ingressos: www.ticketsforfun.com.br, 4003-5588, nos pontos de venda autorizados e na bilheteria oficial, no Citibank Hall/SP.
FONTE: UOL MÚSICA (CLIQUE AQUI para redirecionar)
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