Flying Lotus desconstrói orquestra de sonhos em SP
17/08/2011 10:20Luzes surreais, um túnel do tempo, uma melancólica sensação de paz. Uma experiência de quase morte.
Em 2006, o veterano cineasta Michel Gondry e o jovem produtor Steven Ellison, 27, mais conhecido como Flying Lotus, mostraram ao mundo como manipular o subconsciente de olhos abertos.
Em "Sonhando Acordado", filme de Gondry, o inseguro Stephane (Gael Garcia Bernal) levava a doce vizinha Stephanie (Charlotte Gainsbourg) a uma viagem sem volta a seus sonhos malucos.
Assim como Stephane, naquele ano, Flying Lotus nos pegava pelas mãos para mostras seus devaneios.
Nascia "1983", o primeiro dos três discos que o prodígio da música eletrônica de Los Angeles apresenta no Metanol Mix, festival que passa pelo Sesc Araraquara (sexta) e Belenzinho (sábado), com Thundercat (baixo) e Strangeloop (projeções).
DRAMA CÓSMICO
De lá para cá, Fly Lo se aperfeiçoou na arte de condensar devaneios em sons, usando apenas um laptop.
O último disco, "Cosmogramma" (2010), o consagrou um dos produtores mais inventivos de sua geração --nele, amarra blip-blips de videogame e texturas quase sólidas a uma linha instrumental orquestrada sobre beats de hip-hop experimental.
"'Cosmogramma' é um mapa do universo", explica. Mas é também a superação de um trauma. Quando o álbum começou a tomar forma, sua mãe ficou doente.
Nas idas e vindas do hospital, Fly Lo fez algo que mostra como encara a arte e a vida: ele registrou o som dos aparelhos responsáveis por adiar a inevitável partida de sua mãe. O resultado: loops densos de tirar o fôlego.
"Eu busco sons que toquem minha alma", explica.
Na mesma época, Thom Yorke, o líder do Radiohead, o procurou: entusiasmado, queria gravar um som com ele. Da parceria, saiu "And the World Laughs With You". Soul cósmico puro.
ALMA COLTRANE
A espiritualidade e o talento de Fly Lo são de família.
Ele é sobrinho da harpista Alice Coltrane, mulher de John, um dos maiores saxofonistas da história do jazz.
"Ela me ensinou a transcender a música", conta o produtor, que aos 15 ganhou sua primeira bateria eletrônica. "Curtia ficar só no quarto, fazendo hip-hop e jogando videogame. Eu era o garoto esquisito da escola. Ninguém queria sair comigo."
FLYING LOTUS
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000, São Paulo)
QUANDO Sábado (20), às 21h30
QUANTO R$ 32 (esgotado)
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
FONTE: FOLHA.COM (CLIQUE AQUI para redirecionar)
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