Nostálgico, C. Ronaldo revê Manchester em clássico da Liga que opõe crise e estabilidade

Imagine um duelo de times que vivem momentos completamente opostos. Um com crise, falta de resultados e comando do técnico questionado pelo elenco. O outro em paz, mantendo a tradicional estabilidade e em um mar de rosas. Mas isso não significa nada e o primeiro, quando encontra o segundo, se supera e leva a melhor.

É assim que Real Madrid e Manchester United iniciam a disputa de uma vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, nesta quarta-feira, às 17h45 (horário de Brasília), no duelo mais esperado das oitavas, em que Cristiano Ronaldo vai rever o clube e técnico com quem viveu tantas glórias na carreira.

O time madrileno faz temporada sofrível. Só deu o azar de encarar o time inglês no sorteio por não ter feito seu dever de casa e se classificado apenas na segunda colocação de seu grupo na fase anterior. Ficou atrás do Borussia Dortmund. No Espanhol, as chances de título são quase nulas. Passadas 23 rodadas, está há 16 pontos do líder e arquirrival Barcelona. Já praticamente jogou a toalha. Pior do que isso, o elenco vive com rumores de estar rachado. Publicações espanholas não param de noticiar que o técnico José Mourinho perdeu a mão do elenco e é quase que boicotado.

Os principais líderes seriam o goleiro Casillas, hoje machucado e que já foi mandado para a reserva, e o zagueiro Sérgio Ramos, que também chegou a amargar o banco. Eles compraram briga do meia alemão Ozil, sempre criticado pelo comandante. Além desses, Kaká também é um dos vários descontentes com o técnico.

O início da queda da era Mourinho pode começar com uma eliminação. Dificilmente ficará se for eliminado da competição que foi contratado a peso de ouro para ganhar. Nas duas chances que teve, perdeu. Uma para o Bayern (2011/12) e outra para o arquirrival Barcelona, que levou o título em 2010/11.

O clima do clube, sempre conhecido por sua turbulência, pode ganhar capítulos ainda piores. “A pressão é muito grande, é a maior pressão que já passei. Nem se compara com a de um Corinthians, por exemplo. O mundo está focado no Real. Com aquelas estrelas e estrutura toda. É bastante grande a pressão e cobranças. Se o time perde duas ou três partidas, a imprensa começa já a criticar, a torcida também. Tanto que é muito difícil ter um treinador que dure lá três ou quatro anos seguidos”, falou Flávio Conceição, que jogou no Real por três anos e ganhou a Liga dos Campeões de 2002.

Já o Manchester segue como um dos clubes mais estáveis do mundo. Sempre disputando títulos e longe de crise. Passou em primeiro fácil na primeira fase da Liga dos Campeões. Lidera o Campeonato Inglês com oito pontos à frente seu rival City e tem tudo para levantar mais uma taça no fim da temporada.

Se Mourinho em menos de três anos já pode sair, o técnico do time inglês, Alex Ferguson, é um dos mais estáveis do mundo. Treina seu clube há 27 anos. E quase nunca se dando mal com seus craques. Pelo contrário, Ferguson é adorado e respeitado.

“É um clube muito estável, e não é à toa que o Ferguson está há 27 anos lá. Ele cuida de lá e não deixa coisas de fora atrapalhar e desestabilizar o grupo. Tudo é resolvido lá dentro. Não ficam trocando o elenco toda hora e preferem que o jogador se desenvolva lá dentro”, falou o meio-campista brasileiro Rodrigo Possebon, atualmente no Mirassol e que jogou dois anos no time inglês.

“Ele [Ferguson] é muito respeitado. No momento que ele contrata o jogador,  vai até a morte confiando no jogador, e mesmo com mau momento ele tem prazo dá prazo e não é igual no Brasil que joga meia hora mal e é descartado. Gostam muito deles. Por ele dar tranquilidade, passar confiança.”

Um dos poucos a se desentender com Ferguson hoje está até do lado oposto. Nada mais nada menos do que Cristiano Ronaldo. Chegou a se estranhar com o treinador inglês justamente porque queria ir para o Real. E foi.

Mas nada disso pode interferir hoje. Se o clima e futebol tendem para o Manchester, os números, não. Foram quatro confrontos eliminatórios entre os dois times até hoje na Liga, com três vezes o turbulento Real superando o organizado Manchester. O time espanhol levou a melhor nas temporadas 1956/57, 99/2000 e 2002/03. O inglês foi melhor na temporada 1967/68.

E em alguns desses momentos foram semelhantes como o de hoje. Na temporada 1999/2000, o Real fazia pífia temporada no Campeonato Espanhol, em que terminou apenas na quinta colocação, que lhe deixaria até de fora da edição seguinte da Liga.

Mas enfrentou o Manchester United, então campeão europeu e mundial, nas quartas. Depois de um empate sem gols em casa, foi com a difícil missão de vencer em Old Trafford. Bateu os Red Devils por 3 a 2 e avançou. Acabou se sagrando campeão depois ao bater o Valencia na final.

E quem já passou dos dois lados sabe que as fases opostas em nada pesa e que o mata-mata de 2000 é um exemplo. “Qualquer um pode ganhar, em se tratando de dois times dessa magnitude. Mesmo com Real em turbulência, é um jogo igual e essas coisas podem desaparecer. Passar pelo Manchester talvez seja o que o Real esteja precisando”, disse Possebon.

“Acredito que não tem nada [de favorecimento do Manchester], está tudo equilibrado, não vejo favoritismo nenhum por isso”, falou Flavio Conceição.

FONTE: UOL ESPORTE/FUTEBOL/LIGA DOS CAMPEÕES 2013 (CLIQUE AQUI para redirecionar)