Nova postura argentina viabiliza acordo com a UE

25/02/2014 17:55

 

Embora não tenha se tratado de uma reunião entre os blocos, a melhor notícia que a presidenta Dilma Rousseff levou aos europeus em sua rápida passagem por Bruxelas foi que um acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) tornou-se factível. Distante de ter sido apenas exercício de retórica, a boa nova foi possível graças a uma recente mudança de postura dos argentinos. Segundo informou ao Brasil Econômico uma fonte envolvida nas negociações, na última rodada, ocorrida este mês, Brasil, Uruguai e Paraguai foram surpreendidos pelos vizinhos, que pela primeira vez apresentaram ao grupo uma lista de bens a serem concedidos dentro de parâmetros aceitáveis pela UE.

"Um aspecto importante da reunião de Caracas foi o aumento da cobertura da oferta que o Mercosul fará à União Europeia. O lado argentino, especialmente, levou um esforço adicional. O conjunto de produtos abrangidos pela oferta do bloco agora está no patamar aceitável, cobrindo cerca de 90% do total do nosso comércio com os europeus", afirmou a fonte, sob condição de anonimato. Agora, os quatro países estão em fase de unificação técnica das listas nacionais e seus representantes se reunirão em 7 de março, dessa vez em Montevidéu.

As primeiras negociações ocorreram em 2000 e, depois de muitos impasses, foram interrompidas. Depois de retomadas, há quatro anos, o Brasil tem-se empenhado no avanço da proposta do Mercosul. Os argentinos, no entanto, vinham adotando uma postura protecionista, inclusive em relação aos produtos brasileiros. Até outubro, os governos dos países do bloco estavam empenhados em dialogar, internamente, com o setor privado. No caso da Argentina, no entanto, esse processo estava atrasado e especialistas duvidavam de um avanço do país para a abertura comercial, especialmente num momento em que vive uma crise cambial. Por isso, a apresentação de uma lista ampla pelos argentinos surpreendeu os negociadores dos demais países do bloco, levando a crer que o acordo entre Mercosul e União Europeia está sendo levado a sério pela equipe do novo ministro argentino da Economia, Axel Kicillof.

Segunda-feira, na Bélgica, Dilma disse estar certa de que os dois blocos estão, pela primeira vez, próximos de fechar um acordo. "A nossa expectativa é de que, ao ser realizada a reunião técnica entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para 21 de março, nós possamos fixar a data para a troca de ofertas. O Mercosul está fazendo um grande esforço para consolidar a oferta. Eu tenho certeza de que houve uma grande evolução e que o lado europeu vai fazer o mesmo", afirmou a presidenta, ao lado dos presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em entrevista coletiva à imprensa.

"Apesar de não fazer parte oficialmente da agenda, o acordo do Mercosul com a União Europeia é o principal tema da viagem da presidenta Dilma. Para o Mercosul, ele é importante porque até o momento o bloco só tem acordos com Palestina, Israel e Egito. E, para nós, é importante mostrarmos ao mundo que o Brasil está aberto e integrado às grandes cadeias produtivas globais", afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Além do acordo entre os dois blocos, a presidente tratou durante a VII Reunião de Cúpula Brasil-União Europeia do pedido de explicações ao governo brasileiro protocolado na Organização Mundial do Comércio (OMC), a respeito do programa Inovar-Auto e da Zona Franca de Manaus. "No caso da Zona Franca, assinalei minha surpresa de que a Europa, muito comprometida com questões ambientais, conteste uma produção ambientalmente limpa", afirmou Dilma ontem aos jornalistas.

A presidenta aproveitou para promover o projeto de construção de um cabo submarino de comunicação direta com a Europa, que reduziria a dependência brasileira em relação aos cabos norte-americanos - o que hoje preocupa o governo, após as denúncias de que os EUA espionaram cidadãos e empresas do Brasil.

FONTE: IG/BRASIL ECONÔMICO/ECONOMIA (CLIQUE AQUI para redirecionar)

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